"Houve fome naquela terra, e Abrão desceu ao Egito para ali viver algum tempo, pois a fome era rigorosa." Gênesis 12:10
"Saiu, pois, Abrão do Egito e foi para o Neguebe, com sua mulher e com tudo o que possuía, e Ló foi com ele." Gênesis 13:1
Olá a todos! Depois de um longo período sem postagens, venho com uma reflexão que fiz em cima desses dois versículos.
Lendo o contexto dos versículos acima, é possível compreender que é possível entender que Abrão (sim, com um "a", pois ainda não havia sido feita a modificação em seu nome) havia tido uma jornada desgastante no Egito e depois de o Faraó daquela época falar para Abrão ir embora, este seguiu rumo ao Neguev, Até aí não há nenhuma novidade. Dessa forma, separei esses dois versículos acima para analisar melhor os aspectos dessa história. Então, vamos lá!
Em primeiro lugar, devemos ter em mente que os elementos que são citados na Bíblia não estão ali à toa: os locais, árvores, rios, objetos, nomes de pessoas, e outros itens que são descritos no Livro Sagrados possuem uma representatividade muito forte e por isso merecem nossa atenção. Nesse caso, vamos examinar os lugares para os quais Abrão havia se deslocado, quem estava com ele e o que ele levou junto e o tempo de permanência nessas localidades.
- Local: EgitoEsse termo significa "terra do Nilo". Então, podemos inferir que o rio Nilo possuía extrema importância para quem vivia no Egito, e realmente era, pois dele vinha toda a fartura das terras do país: era utilizado como meio de transporte; servia para a irrigação das plantações; pescaria e outras atividades. Além disso, no período das cheias, ele fertilizava as terras e, mesmo no período de seca, o rio não secava. Dessa forma, vemos que esse rio era a base de todo o Egito e é parte da rotina dos habitantes dessa região.
- Local: NeguevPossui o significado de "seco". Desse modo, é possível entender que aquela terra não possuía tanta fartura como havia na terra do Nilo, e realmente não havia abundância de nada, a não ser de areia, afinal de contas, o Neguev é um deserto localizado em Israel. Entretanto, de tempos em tempos (muitos anos), essa localidade recebe torrentes d'água que são aguardadas com grande expectativa por quem passa pela área.
O Nilo estava na rotina das pessoas por ser vistoso, de fácil acessoe estar sempre à disposição de quem chega até ele, então, tornou-se comum. Já as torrentes do Neguev não: já que não aparecem sempre, a população não deveria possuir muito interesse em ir para uma terra tão seca e com raro aparecimento de água. As pessoas que tem que atravessar o deserto não o fazem por prazer, afinal de contas, é um lugar bastante desagradável para o corpo, por isso é necessário levar o máximo de mantimentos, a fim de não sofrer os efeitos da seca e escassez de alimentos.
- Quem acompanhou Abrão ao Egito: somente Sarai
Abrão não quis levar todas as coisas e sua parentela para o Egito, pois passaria pouco tempo naquela localidade. Além disso, aquele era um lugar que ele não confiava para permanecer e queria uma solução rápida para seu problema, que era não sofrer com a fome que a sua terra estava enfrentando. - Quem acompanhou Abrão ao Neguev: Sarai, Ló e tudo que possuía
Ele levou tudo que tinha para lá, pois lá era o local que ele passaria bastante tempo (na verdade, morou ali). Para morar nesse lugar, Abrão com certeza confiou que aquele lugar era o correto. - Tempo de permanência no Egito: pouco tempo
- Tempo de permanência no Neguev: bastante tempo (moradia estabelecida)
Abrão não levou tudo que tinha para o Egito pois apenas queria "garantir" o que comer durante a fome que havia onde estava anteriormente. Não orou a Deus, tão pouco dependeu dEle. Isso foi uma tremenda injustiça! E essa injustiça produziu a ansiedade, inquietação, o que o fez apenas enxergar a face da fome e ir correndo ao Egito para tentar suprir sua necessidade. Mas, quem leu a história percebeu que essa ambição em querer passar na frente para garantir alimento para si ocasionou vários problemas: Abrão teve que contar meias verdades, quase perdeu sua esposa, fora a agonia em estar ali, sabendo que poderia ter evitado tudo aquilo. Ele saiu ganhando bens materiais do Egito, mas saiu perdendo com Deus. Já no Neguev, apesar de ser um deserto, eles conseguiram, mediante a fé em Deus, através do arrependimento, tornar aquele deserto habitável para ele, sua família e todo seu rebanho.
Depois de analisar todas estas informações, chegamos à seguinte resolução:
Quando não fazemos a vontade de Deus, é por estarmos atendendo um capricho do coração, e este nasceu a partir da visão que estava focada no que é visível. Com isso, a pessoa dá preferência às "soluções" mas fáceis, rápidas e que não exijam sacrifícios logo de cara (pois, como sabemos, tudo nessa vida tem um preço, uns altos demais, outros nem tanto. Quem está com o foco no visível não quer saber de pagar nenhum preço e por isso vai protelando essas contas, vai empurrando com a barriga, vai enrolando para não ver a cara das dívidas. Só que um dia, todos esses débitos acabam virando uma coisa só e explodem todas juntas. Uma dívida chama outra dívida, um problema sempre chama outro problema, uma maldição sempre chama outra maldição.
Já quando não atendemos os caprichos do coração, estaremos fazendo a vontade de Deus e isto se chama renúncia, sacrifício. O sacrifício nunca é algo fácil e confortável, do contrário, se chamaria sacrifácil. A princípio, ele sempre nos coloca em uma situação desconfortável, difícil, como no deserto que, aparentemente, é impossível haver vida. Só que quem se volta para Deus traz vida ao meio desse deserto. Deus faz questão de fazer jorrar as torrentes d'água no meio da seca. Será possível ver que toda a caminhada até o Neguev valeu a pena.
Entretanto, para ir ao deserto e conseguir fazer aparecer vida quem leva tudo que tem pra lá e esse tudo demonstra nossa confiança pela fé. O tudo significa toda nossa força. Quem confia vai colocar toda força, quem não confia não deve nem se atrever a entrar no deserto, se não vai morrer, pois não vai fazer diferença reter toda força ou dar só uma parte. Ou é tudo, ou é nada! Quem confia no sacrifício não fica retendo.
Outra coisa: quem entra no deserto (sacrifica) e vai pra lá com tudo que tem (toda força), não fica se preocupando com o tamanho da torrente (das bençãos), pois o que vale aqui não é o tamanho da benção, mas sim o valor dela, que supera o valor de qualquer Nilo (grandes conquistas obtidas sem a interferência de Deus). O valor das torrentes é estimado pelo fato de ter sido fruto de trabalho árduo: sacrifício, confiança, espera e coragem. Sobre tudo, a confiança de que Deus te eseve envolvido durante o processo de conquista. E, quanto mais difícil de alcançar essas torrentes, mais as valorizaremos, pois sabemos o seu custo e então não as desperdiçaremos.
Por outro lado, quem vive no Nilo não desfruta disso, pelo contrário: é surpreendido pela seca, pela diminuição da fertilidade e do seu desenvolvimento. Não sabe lidar com esse declínio, pois sua visão sempre esteve na facilidade que o rio oferecia, logo, não estava precavido, preparado para a dificuldade. Quem está apenas acostumado com as facilidades não sabe lidar com as dificuldades. Quem apenas viveu de abundância não sabe viver na seca, quem está apenas acostumado com portas largas não quer passar pelas estreitas; quem só sabe ser do Nilo, não sabe ser do Neguev.
Mas não quer dizer que seja impossível mudar. O primeiro passo consiste em entender e aceitar que há uma necessidade contínua de fazer sacrifícios, e isso só é possível quando a mente está em Cristo e na necessidade de obedecê-Lo, agradá-Lo e isso, por sua vez, só é possível quando essa mesma mente foi feita cativa à Deus; antes disso acontecer, essa mente abandonou todas as mentiras desse mundo (ver o post as fortalezas de satanás).
Não desanime, não viva pelo que vê, mas pelo que crê. A sua insistência na fé do sacrifício é o que vai te levar a lugares longínquos, nunca visitados por outras pessoas antes de você. Mesmo sem vontade, vai lá e faz. O gosto em ver o resultado te fará perseverar. Mas, enquanto não vê as torrentes, tenha a confiança de que elas virão uma hora. Não lembre, nem sonhe com o Nilo novamente, pois tudo que te remete ao Egito não te faz bem. Lembre-se: O Neguev está em solo Santo, Sagrado, que é a terra de Israel. Se o sacrifício é feito em santidade, não tem como dar errado.
